O marcoense Roberto Rivelino vai continuar a trabalhar na Arábia Saudita. O treinador, de 31 anos, natural de Alpendorada, renovou em julho o contrato por mais uma época com o Al-Ula FC, onde orienta os guarda-redes da equipa de sub-17 desde setembro de 2024.
Rivelino explicou que a continuidade foi uma decisão natural para ambas as partes.
“Felizmente, foi um indicador muito forte, a pretensão do clube e a minha também. A primeira temporada foi bastante positiva e agora já levamos 11 semanas da nova época com cinco jogos, quatro vitórias e um empate. O objetivo é ser campeão. O clube investiu para isso e tudo está a progredir nesse sentido, com a ambição de se tornar uma referência na formação saudita, não só em resultados, mas também na produção de jogadores para a seleção e para o estrangeiro”, esclareceu.
A renovação não trouxe dificuldades, assegura o jovem técnico, que sublinha o equilíbrio entre realização profissional e crescimento pessoal.
“A Arábia Saudita tem-me criado desafios a nível pessoal e cultural que vieram em boa hora. O que tenho ganho aqui, dentro e fora de campo, é impagável. Sinto muita gratidão por poder continuar a desenvolver-me nas duas áreas que mais importam na minha vida”, confessou.
Rivelino reconhece ainda que o contexto árabe oferece condições atrativas. “É o melhor de dois mundos: há desafios diários que estimulam o treinador e o profissional, e, claro, o reconhecimento financeiro é evidente”.
No plano técnico, Rivelino destaca o potencial dos jovens guarda-redes sauditas, embora reconheça limitações.
“Ainda encontramos muito ‘guarda-redes selvagem’, com carências técnicas e táticas. Eles veem muito futebol, mas conhecem pouco o jogo em profundidade. No entanto, aprendem rápido e isso é estimulante. Quando se lhes mostra o caminho de forma prática, os resultados aparecem quase de imediato e há uma grande gratidão que favorece o desenvolvimento”, afirmou.
A adaptação ao país foi rápida, em parte graças ao domínio da língua. “Aprendi o árabe com alguma facilidade, o que me permitiu integrar melhor a cultura e o trabalho. O clima também ajuda. Depois de ter vivido na Finlândia, aprecia-se ainda mais o calor, ainda que por vezes seja excessivo”.
Sem planos imediatos de regressar a Portugal, o treinador prefere focar-se no presente. “Neste momento estou na jornada, a viver o presente para construir o futuro. Nunca se sabe o que virá, mas por agora custa-me pensar em regressar”.
Antes de ingressar no Al-Ula FC, o treinador passou pelo HIFK Helsinki, da Finlândia (2022), e pelo Fursan Hispania, dos Emirados Árabes Unidos (2023/24). Em Portugal, trabalhou em clubes como Sanjoanense, Vilaverdense, FC Felgueiras, AD Oliveirense e FC Alpendorada.
Analista reconhecido na área, Rivelino é autor do site ‘O Mundo dos Guarda-Redes’, o único em Portugal dedicado exclusivamente à posição, e publicou em 2023 o livro ‘Pensar o Guarda-Redes’, onde partilha a sua visão sobre a função do número 1 do futebol.