BAIÃO: Restos mortais de Eça de Queirós transladados para o Panteão Nacional [C/AUDIO]

A transladação dos restos mortais de Eça de Queirós do cemitério de Santa Crus do Douro, no concelho de Baião, para o Panteão Nacional decorreu na manhã desta quarta-feira. A cerimónia teve lugar 125 anos após a morte do autor de “A Cidade e as Serras”.

O Presidente da República considerou hoje que poucos escritores portugueses estão tão vivos como Eça de Queiroz e defendeu que a trasladação dos seus restos mortais para o Panteão Nacional é um ato de justiça evidente.

“A maior homenagem a Eça será, sem dúvida, reeditá-lo, estudá-lo e, acima de tudo, lê-lo. Mas há atos de justiça, atos evidentes como esta transladação, mesmo não conhecendo as vontades do escritor sobre a matéria”, afirmou o chefe de Estado durante a cerimónia de concessão de honras de Panteão Nacional a Eça de Queiroz.


Marcelo Rebelo de Sousa reforçou a mensagem de que esta cerimónia constitui “um justo reconhecimento”, mas que há que “cuidar sobretudo da obra de Eça — como faz a fundação, as editoras, a começar pela Imprensa Nacional, os críticos e os académicos, e a família”.

Afonso Reis Cabral, trineto de Eça e presidente da Fundação Eça Queiroz fez o elogio fúnebre, recordando que o escritor “transformou a literatura portuguesa”.

A Assembleia da República aprovou por unanimidade em janeiro de 2021 um projeto de resolução do PS para “conceder honras de Panteão Nacional aos restos mortais de José Maria Eça de Queiroz, em reconhecimento e homenagem pela obra literária ímpar e determinante na história da literatura portuguesa”.

A resolução aprovada em 2021 surgiu em resposta a um repto lançado pela Fundação Eça de Queiroz.

A trasladação foi contestada por seis dos 22 bisnetos do escritor, que recorreram à justiça para a impedir, recurso que foi rejeitado pelo Supremo Tribunal Administrativo.

Eça de Queiroz morreu em 16 de agosto de 1900, aos 54 anos, em Paris, e foi sepultado em Lisboa. Em setembro de 1989, os seus restos mortais foram transportados do Cemitério do Alto de São João, na capital, para um jazigo de família no cemitério de Santa Cruz do Douro, em Baião.

Nascido na Póvoa de Varzim, distrito do Porto, em 1845, foi autor de contos e romances, entre os quais “Os Maias”, que gerações de críticos e investigadores na área da literatura consideram o melhor romance realista português do século XIX.

A sua vasta obra inclui títulos como “O primo Basílio”, “A cidade e as serras”, “O crime do padre Amaro”, “A relíquia”, “A ilustre casa de Ramires” e “A tragédia da Rua das Flores”.

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